A LENDA DA PEMBA - Márcia Regina da Silva
Em um dos muitos lugares das Áfricas,
há muito tempo, existiam vários montes formados de um pó branco. Esses montes
ficaram conhecidos como Montes Kabanda.
Aos pés dos Montes Kabanda, banhadas
pelo rio sagrado, surgiram várias aldeias que viriam a formar o reino de
Liutabi, um homem forte e corajoso que reinava com grande autoridade.
Os homens e mulheres das aldeias
trabalhavam bastante para o bem coletivo.
Logo pela manhã, algumas pessoas iam
para a machamba – a roca onde era plantado o milho, a mandioca, o inhame e o
feijão, enquanto outras pescavam ou apanhavam água do rio sagrado.
Entre essas pessoas estava a filha do
rei, uma linda moça chamada Mipemba.
Muito querida pelos habitantes das
aldeias, Mipemba era gentil e alegre, espalhava o amor e a felicidade a quem
convivesse como ela. Era também dona de beleza incrível.
Os cabelos emolduravam o seu rosto
negro como um jamelão, seus olhos eram brilhantes como estrelas.
Justamente por ser tão linda e
encantadora, seu destino era ser preservada em homenagem aos ancestrais que
regiam e protegiam o reino de Liutabi.
Mipemba costumava trabalhar com outras
mulheres na produção de potes de barro que armazenavam a água e os alimentos.
Todas as tardes, após terminar o seu trabalho, ia se banha no rio sagrado.
Certa tarde, um jovem viajante seguia
pelas margens do rio sagrado quando avistou Mipemba. Sentiu-se maravilhado com
tamanha beleza.
Nesse mesmo instante, Mipemba,
sentindo-se observada, percorreu a margem do rio com seus olhos de estrela.
Sem nada avistar, não sentiu medo e sim
um suave calor no coração.
O jovem seguiu seu caminho e, ao chegar
à estrada de uma das aldeias do reino de Liutabi, foi recepcionado por um grupo
de crianças.
Ainda maravilhado com a beleza de
Mipemba, descreveu a moça e perguntou às crianças se sabiam de quem se tratava.
Uma das crianças lhe revelou que a dona
de tal beleza e encanto era a filha do rei, prometida aos ancestrais.
Decepcionado, o jovem apaixonado se
contentou em observá-la à beira do rio, todas as tardes, sem se revelar.
Nos dias que se sucederam, enquanto se
banhava no rio sagrado, Mipemba sentia aquele calor no coração, porém nada
avistava.
Certa manhã, disposta a esclarecer o
mistério, Mipemba não foi diretamente ao rio. Ela deu a volta pela floresta e
avistou o jovem viajante.
Seus olhares se encontraram e, nesse
momento, o calor que Mipemba sentia no coração tomou todo o seu corpo e ela
percebeu-se apaixonada.
Sabendo da impossibilidade desse amor,
num misto de felicidade e sofrimento, o encontro dos seus olhos selaram um paco
de fidelidade.
Todos os dias, Mipemba ansiava pelo
final da tarde, pois sabia que o jovem forasteiro lá estaria a observá-la,
fazendo-a sentir aquele calor no coração.
Depois de certo tempo, o jovem, não
mais contente em apenas observá-la, decidiu declarar ao rei o amor que sentia
por sua filha.
Ao ouvir o jovem, o rei ficou furioso e
ordenou-lhe que partisse imediatamente, dizendo-lhe que se descumprisse sua
ordem, seria atirado aos crocodilos que moravam no rio sagrado.
Entretanto, a força do amor era maior
do que o temor que lhe poderiam sentir, Mipemba e o jovem resolveram se
encontrar pela última vez, sob a luz do luar, antes da partida.
Nessa noite, quando a aldeia se
aquietou e todos dormiram, Mipemba dirigiu-se para o rio para um último
encontro com seu amado.
O que ela não imaginava é que o
rei, que se preocupava com o destino do povo das aldeias – caso a promessa aos
ancestrais fosse descumprida -, havia ordenado aos guerreiros que seguissem os
passos da filha.
Quando os guerreiros chegaram às
margens do rio sagrado, avistaram Mipemba, que tinha um ar de felicidade
enquanto se banhava. Desconfiados, eles vasculharam as margens do rio e
surpreenderam o jovem.
Imediatamente, cumpriram a ordem do
rei. Degolaram o rapaz e lançaram o seu corpo ao rio sagrado, para que os
crocodilos o devorassem.
Mipemba, ao saber do acontecido,
desesperou-se de tal maneira que lançou aos pés dos Montes Kabanda e esfregou
seu corpo e seu rosto com aquele pó, na tentativa de sentir uma dor que
superasse a ausência do seu primeiro amor.
Porém, nada adiantou e, na esperança de
sentir novamente o calor do amor em seu coração, foi banhar-se no rio sagrado.
Orunmilá, divindade responsável pelo
portal do destino, apiedou-se de Mipemba e ordenou que os ancestrais protetores
do reino a recolhessem.
Os guerreiros assistiram, assombrados,
quando o corpo de Mipemba, ao mesmo tempo em que se elevava em direção aos
céus, transformava-se em pó, e
esse pó, ao atingir as águas do rio sagrado, formava uma grande massa branca.
Enquanto um dos guerreiros correu para
visar o rei, os outros, na tentativa de apanhá-la, tiveram suas mãos e corpos
ungidos pela massa branca formada pelo corpo de Mipemba.
Quando o rei, acompanhado por uma
multidão, chegou e viu o que estava acontecendo, partiu furioso para punir os
guerreiros. Um deles, na tentativa de se defender, tocou seu corpo com as mãos
ungidas pela massa branca. Neste momento, a ira do rei se esvaiu-se e ele não
castigou os guerreiros.
As pessoas que assistiram à cena
perceberam que aquela massa branca formada pelo corpo de Mipemba e a água do
rio sagrado traziam o bem. A partir de então, tornou-se tradição passa-la nas
casas, nos corpos e nos objetos, para afastar o mal e atrair o amor, a
felicidade e a harmonia.
A fama dos efeitos da massa branca
deixada por Mipemba se espalhou de geração em geração, entre os povos de várias
partes da África. Hoje, conhecida apenas como pemba, é usada em ocasiões
importantes.
Essa crença atravessou o Atlântico e
está viva até hoje.
Lá e cá.
CULTURA AFRO: Uma amizade que ultrapassa fronteiras - Fábio Gonçalves Ferreira
Mudar de
cidade, de escola e de amigos sempre é muito difícil. Para Lucas, isso não foi
diferente. Até que, um dia, ele conhece Dito, um morador do acolhedor Vila do
Pai Juca, lugar que abriga descendentes de ex-escravos. Acostumado a conviver
sempre com o mesmo tipo de pessoas e superprotegido pelo pai de tudo que
representasse alguma diferença, na vila, Lucas descobre um universo cultural
muito rico e preservado, mas pouco conhecido pela maioria das pessoas. Lá ele
tem contato, em um dia fantástico, repleto de cores, com as crenças, os sons e
os cheiros que caracterizam a forte influência da cultura africana na vida de
cada um de nós.
Enfrentando
seus próprios medos, Lucas, além de fazer novas amizades, descobre que ser
brasileiro implica conhecer a cultura pregressa daqueles que formaram seu povo
O
Marimbondo do Quilombo- Heloísa Pires Lima
A história é contada por um marimbondo e
fala sobre um menino que enquanto dormia ao pé de uma árvore foi
levado, por engano, como presa de um carcará. Espertamente, o menino
o desafia a encontrar o calango com o qual fora confundido para poder
retornar ao seu quilombo. Mas o carcará, confuso, enquanto
tenta voltar ao local com o menino, nos faz viajar por diferentes terras
até chegar ao quilombo dos Palmares.
Em muitos momentos, a autora brinca com as palavras e isto traz leveza ao texto.
Em muitos momentos, a autora brinca com as palavras e isto traz leveza ao texto.
HISTÓRIAS QUE NOS CONTARAM EM LUANDA - Rogério Andrade Barbosa e Jô Oliveira
O autor Rogério Andrade Barbosa e o
ilustrador Jô Oliveira lançaram, pela Editora FTD, o livro “Histórias que nos
Contaram em Luanda”, fruto da viagem de dez dias que realizaram à capital de
Angola, na África, a convite da Embaixada Brasileira e do Instituto Nacional do
Livro e do Disco de Angola, em junho de 2008.
Lá conheceram narrativas
tradicionais, lendas e fábulas que ilustram a cultura do povo africano,
enquanto ministraram cursos e oficinas de produção de texto e imagem para
crianças, jovens e adultos. Uma parte dos alunos gostava de contar histórias.
Outra, de desenhar. “Entre as várias histórias que os alunos nos contaram,
selecionamos três para o livro, todas adaptadas para o público brasileiro, mas
cheias do encantamento e da magia da cultura africana”, conta Rogério.
O conto “Domikalinga” fala
sobre uma mulher grávida que promete doar seu bebê a quem lhe ajudar a buscar
água na fonte. Em “O Grande Desafio”, um dono de terras que promete a mão da
filha em casamento ao homem ou animal que conseguir pegar uma folha no alto da
árvore mais alta do lugar. E a fábula “O Leão, a Ovelha e o Macaco” traz uma
metáfora sobre as possibilidades de ações humanas diante da malícia de pessoas
falsas, que camuflam a má intenção em atitudes que podem parecer boas e
inocentes.
A ilustração do livro é uma
mistura do folclore brasileiro, a xilogravura medieval e as expressões visuais
de diferentes povos. “Eles usam as cores primárias, têm a perspectiva quase
ausente e os temas são sempre sobre seres fantásticos, nos três casos, contando
aventuras impossíveis e histórias cheias de poesia. Procurei colar tudo isto
nas ilustrações do livro, chegando ao resultado final”, conta Jô Oliveira.
RACISMO: Do que são Feitos os Heróis - Fábio Gonçalves Ferreira
O que uma pessoa precisa pra
ser um herói? Coragem? Sabedoria? Força? João é um menino comum que mora com seus
pais e sofre com as brincadeiras preconceituosas dos meninos da escola.
Por meio das histórias de seu
avô, João vai descobrindo, dentro de sua própria vida, os ingredientes para
enfrentar suas dificuldades e livrar-se de sua revolta. Acompanhe o crescimento
de João, ao mesmo tempo em que são narradas as histórias de Sundjata, herói do
Mali, país africano, e de Luís Gama, poeta e abolicionista brasileiro.
João, à medida que conhece a
vida de Sundjata, descobre sua própria potencialidade e se descobre pertencente
a um povo com uma história muito rica. São nessas descobertas que surge o amor
por uma menina de olhos cintilantes como astros.
"Do que são feitos os
heróis" nos ensina o caminho da descoberta do grande guerreiro que pode
haver dentro de cada um de nós.
Só me diz por que... Temos cor de pele tão diferentes? - Sara Agostini
Entre as
frases preferidas das crianças estão as que iniciam com por que, a palavrinha
que expressa as dúvidas, a curiosidade e os protestos dos pequenos. Esta
historinha original e rica em ilustrações é uma das formas mais divertidas de
encontrar as respostas às intermináveis perguntas.
As Cores de Mateus - Marisa López Soria
Meninas Negras - Madu Costa
Maju Não Vai à Festa - Mônica Pimentel
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui sua impressão. Obrigado pela visita!
Vamos fazer Educação!