segunda-feira, 12 de novembro de 2018

20 de Novembro: DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA - Sugestão de Livros, histórias e textos...


A LENDA DA PEMBA - Márcia Regina da Silva





Em um dos muitos lugares das Áfricas, há muito tempo, existiam vários montes formados de um pó branco. Esses montes ficaram conhecidos como Montes Kabanda.
Aos pés dos Montes Kabanda, banhadas pelo rio sagrado, surgiram várias aldeias que viriam a formar o reino de Liutabi, um homem forte e corajoso que reinava com grande autoridade.
Os homens e mulheres das aldeias trabalhavam bastante para o bem coletivo.
Logo pela manhã, algumas pessoas iam para a machamba – a roca onde era plantado o milho, a mandioca, o inhame e o feijão, enquanto outras pescavam ou apanhavam água do rio sagrado.
Entre essas pessoas estava a filha do rei, uma linda moça chamada Mipemba.
Muito querida pelos habitantes das aldeias, Mipemba era gentil e alegre, espalhava o amor e a felicidade a quem convivesse como ela. Era também dona de beleza incrível.
Os cabelos emolduravam o seu rosto negro como um jamelão, seus olhos eram brilhantes como estrelas.
Justamente por ser tão linda e encantadora, seu destino era ser preservada em homenagem aos ancestrais que regiam e protegiam o reino de Liutabi.
Mipemba costumava trabalhar com outras mulheres na produção de potes de barro que armazenavam a água e os alimentos. Todas as tardes, após terminar o seu trabalho, ia se banha no rio sagrado.
Certa tarde, um jovem viajante seguia pelas margens do rio sagrado quando avistou Mipemba. Sentiu-se maravilhado com tamanha beleza.
Nesse mesmo instante, Mipemba, sentindo-se observada, percorreu a margem do rio com seus olhos de estrela.
Sem nada avistar, não sentiu medo e sim um suave calor no coração.
O jovem seguiu seu caminho e, ao chegar à estrada de uma das aldeias do reino de Liutabi, foi recepcionado por um grupo de crianças.
Ainda maravilhado com a beleza de Mipemba, descreveu a moça e perguntou às crianças se sabiam de quem se tratava.
Uma das crianças lhe revelou que a dona de tal beleza e encanto era a filha do rei, prometida aos ancestrais.
Decepcionado, o jovem apaixonado se contentou em observá-la à beira do rio, todas as tardes, sem se revelar.
Nos dias que se sucederam, enquanto se banhava no rio sagrado, Mipemba sentia aquele calor no coração, porém nada avistava.
Certa manhã, disposta a esclarecer o mistério, Mipemba não foi diretamente ao rio. Ela deu a volta pela floresta e avistou o jovem viajante.
Seus olhares se encontraram e, nesse momento, o calor que Mipemba sentia no coração tomou todo o seu corpo e ela percebeu-se apaixonada.
Sabendo da impossibilidade desse amor, num misto de felicidade e sofrimento, o encontro dos seus olhos selaram um paco de fidelidade.
Todos os dias, Mipemba ansiava pelo final da tarde, pois sabia que o jovem forasteiro lá estaria a observá-la, fazendo-a sentir aquele calor no coração.
Depois de certo tempo, o jovem, não mais contente em apenas observá-la, decidiu declarar ao rei o amor que sentia por sua filha.
Ao ouvir o jovem, o rei ficou furioso e ordenou-lhe que partisse imediatamente, dizendo-lhe que se descumprisse sua ordem, seria atirado aos crocodilos que moravam no rio sagrado.
Entretanto, a força do amor era maior do que o temor que lhe poderiam sentir, Mipemba e o jovem resolveram se encontrar pela última vez, sob a luz do luar, antes da partida.
Nessa noite, quando a aldeia se aquietou e todos dormiram, Mipemba dirigiu-se para o rio para um último encontro com seu amado.
O que ela não imaginava é que o rei, que se preocupava com o destino do povo das aldeias – caso a promessa aos ancestrais fosse descumprida -, havia ordenado aos guerreiros que seguissem os passos da filha.
Quando os guerreiros chegaram às margens do rio sagrado, avistaram Mipemba, que tinha um ar de felicidade enquanto se banhava. Desconfiados, eles vasculharam as margens do rio e surpreenderam o jovem.
Imediatamente, cumpriram a ordem do rei. Degolaram o rapaz e lançaram o seu corpo ao rio sagrado, para que os crocodilos o devorassem.
Mipemba, ao saber do acontecido, desesperou-se de tal maneira que lançou aos pés dos Montes Kabanda e esfregou seu corpo e seu rosto com aquele pó, na tentativa de sentir uma dor que superasse a ausência do seu primeiro amor.
Porém, nada adiantou e, na esperança de sentir novamente o calor do amor em seu coração, foi banhar-se no rio sagrado.
Orunmilá, divindade responsável pelo portal do destino, apiedou-se de Mipemba e ordenou que os ancestrais protetores do reino a recolhessem.
Os guerreiros assistiram, assombrados, quando o corpo de Mipemba, ao mesmo tempo em que se elevava em direção aos céus,          transformava-se em pó, e esse pó, ao atingir as águas do rio sagrado, formava uma grande massa branca.
Enquanto um dos guerreiros correu para visar o rei, os outros, na tentativa de apanhá-la, tiveram suas mãos e corpos ungidos pela massa branca formada pelo corpo de Mipemba.
Quando o rei, acompanhado por uma multidão, chegou e viu o que estava acontecendo, partiu furioso para punir os guerreiros. Um deles, na tentativa de se defender, tocou seu corpo com as mãos ungidas pela massa branca. Neste momento, a ira do rei se esvaiu-se e ele não castigou os guerreiros.
As pessoas que assistiram à cena perceberam que aquela massa branca formada pelo corpo de Mipemba e a água do rio sagrado traziam o bem. A partir de então, tornou-se tradição passa-la nas casas, nos corpos e nos objetos, para afastar o mal e atrair o amor, a felicidade e a harmonia.
A fama dos efeitos da massa branca deixada por Mipemba se espalhou de geração em geração, entre os povos de várias partes da África. Hoje, conhecida apenas como pemba, é usada em ocasiões importantes.
Essa crença atravessou o Atlântico e está viva até hoje.
Lá e cá.


CULTURA AFRO: Uma amizade que ultrapassa fronteiras - Fábio Gonçalves Ferreira


Mudar de cidade, de escola e de amigos sempre é muito difícil. Para Lucas, isso não foi diferente. Até que, um dia, ele conhece Dito, um morador do acolhedor Vila do Pai Juca, lugar que abriga descendentes de ex-escravos. Acostumado a conviver sempre com o mesmo tipo de pessoas e superprotegido pelo pai de tudo que representasse alguma diferença, na vila, Lucas descobre um universo cultural muito rico e preservado, mas pouco conhecido pela maioria das pessoas. Lá ele tem contato, em um dia fantástico, repleto de cores, com as crenças, os sons e os cheiros que caracterizam a forte influência da cultura africana na vida de cada um de nós.
Enfrentando seus próprios medos, Lucas, além de fazer novas amizades, descobre que ser brasileiro implica conhecer a cultura pregressa daqueles que formaram seu povo



O Marimbondo do Quilombo- Heloísa Pires Lima



A história é contada por um marimbondo e fala sobre um menino  que enquanto dormia ao pé de uma árvore foi levado, por engano, como presa de um carcará. Espertamente, o menino o desafia a encontrar o calango com o qual fora confundido para poder retornar ao seu quilombo. Mas o carcará, confuso, enquanto tenta voltar ao local com o menino, nos faz viajar por diferentes terras até chegar ao quilombo dos Palmares.
Em muitos momentos, a autora brinca com as palavras e isto traz leveza ao texto.


HISTÓRIAS QUE NOS CONTARAM EM LUANDA - Rogério Andrade Barbosa e Jô Oliveira




O autor Rogério Andrade Barbosa e o ilustrador Jô Oliveira lançaram, pela Editora FTD, o livro “Histórias que nos Contaram em Luanda”, fruto da viagem de dez dias que realizaram à capital de Angola, na África, a convite da Embaixada Brasileira e do Instituto Nacional do Livro e do Disco de Angola, em junho de 2008.
Lá conheceram narrativas tradicionais, lendas e fábulas que ilustram a cultura do povo africano, enquanto ministraram cursos e oficinas de produção de texto e imagem para crianças, jovens e adultos. Uma parte dos alunos gostava de contar histórias. Outra, de desenhar. “Entre as várias histórias que os alunos nos contaram, selecionamos três para o livro, todas adaptadas para o público brasileiro, mas cheias do encantamento e da magia da cultura africana”, conta Rogério.
O conto “Domikalinga” fala sobre uma mulher grávida que promete doar seu bebê a quem lhe ajudar a buscar água na fonte. Em “O Grande Desafio”, um dono de terras que promete a mão da filha em casamento ao homem ou animal que conseguir pegar uma folha no alto da árvore mais alta do lugar. E a fábula “O Leão, a Ovelha e o Macaco” traz uma metáfora sobre as possibilidades de ações humanas diante da malícia de pessoas falsas, que camuflam a má intenção em atitudes que podem parecer boas e inocentes.
A ilustração do livro é uma mistura do folclore brasileiro, a xilogravura medieval e as expressões visuais de diferentes povos. “Eles usam as cores primárias, têm a perspectiva quase ausente e os temas são sempre sobre seres fantásticos, nos três casos, contando aventuras impossíveis e histórias cheias de poesia. Procurei colar tudo isto nas ilustrações do livro, chegando ao resultado final”, conta Jô Oliveira.


RACISMO: Do que são Feitos os Heróis - Fábio Gonçalves Ferreira



O que uma pessoa precisa pra ser um herói? Coragem? Sabedoria? Força? João é um menino comum que mora com seus pais e sofre com as brincadeiras preconceituosas dos meninos da escola.
Por meio das histórias de seu avô, João vai descobrindo, dentro de sua própria vida, os ingredientes para enfrentar suas dificuldades e livrar-se de sua revolta. Acompanhe o crescimento de João, ao mesmo tempo em que são narradas as histórias de Sundjata, herói do Mali, país africano, e de Luís Gama, poeta e abolicionista brasileiro.
João, à medida que conhece a vida de Sundjata, descobre sua própria potencialidade e se descobre pertencente a um povo com uma história muito rica. São nessas descobertas que surge o amor por uma menina de olhos cintilantes como astros.
"Do que são feitos os heróis" nos ensina o caminho da descoberta do grande guerreiro que pode haver dentro de cada um de nós.

Só me diz por que... Temos cor de pele tão diferentes? - Sara Agostini



Entre as frases preferidas das crianças estão as que iniciam com por que, a palavrinha que expressa as dúvidas, a curiosidade e os protestos dos pequenos. Esta historinha original e rica em ilustrações é uma das formas mais divertidas de encontrar as respostas às intermináveis perguntas.


As Cores de Mateus - Marisa López Soria




Meninas Negras - Madu Costa





Maju Não Vai à Festa - Mônica Pimentel




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